A interpretação vai para além da mera transferência de palavras entre línguas. O texto salienta a importância do aspeto cultural da interpretação, sublinhando que cada língua traz consigo uma história e um contexto social únicos. A dinâmica das línguas, em constante evolução, exige que os intérpretes possuam não só competências linguísticas sólidas, mas também uma compreensão profunda das culturas envolvidas. É salientado que os intérpretes actuam como facilitadores culturais, fazendo as adaptações necessárias para garantir uma comunicação eficaz.
ÍNDICE
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Introdução à interpretação 1.1 Como mediadores linguísticos
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Importância do aspeto cultural 2.1 História, contexto social e político
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Dinamismo linguístico 3.1 Evolução constante e utilização pelos oradores
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Para além das palavras 4.1 Elementos culturais na tradução e na interpretação
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Facilitadores culturais 5.1. Preparação contínua dos intérpretes
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Exemplos práticos 6.1. Reflexão do significado cultural nos provérbios
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Adaptações culturais 7.1 Necessidade de adaptações para uma comunicação eficaz
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A complexidade das traduçõess 8.1. Ideias completas sobre palavras isoladas
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Preparação do intérprete 9.1 Rede linguística e cultural dos participantes
Introdução à interpretação
Como já dissemos em ocasiões anteriores, os intérpretes são mediadores linguísticos entre pessoas que não falam a mesma língua. No entanto, é muito importante lembrar que a interpretação não é uma mera transferência de palavras de uma língua para outra; há muitos aspectos envolvidos. Entre eles está a questão cultural, que é essencial quando se trata de interpretação, eis porquê.
Por detrás de cada língua há uma história e um contexto social, político e cultural em mudança, razão pela qual são dinâmicas e estão em constante evolução, o que está diretamente relacionado com a forma como são utilizadas pelos seus falantes. Por esta razão, quando se presta um serviço de tradução ou interpretação, para além da parte linguística, há uma cultura e alguns elementos não linguísticos que devem ser transmitidos, de modo a poder exprimir a mensagem na língua de chegada com todos os seus elementos o mais fielmente possível.
Importância do aspeto cultural
Por conseguinte, os intérpretes devem ser também facilitadores culturais e estar em formação contínua. Por outras palavras, devem ter pleno conhecimento das línguas, mas também devem ter conhecimentos culturais de ambas as comunidades. Isto é essencial porque, por vezes, não existem equivalentes linguísticos para uma tradução, mas sim equivalentes culturais.
Um exemplo disto são os provérbios, porque cada cultura tem a sua própria forma de os exprimir. Veja-se o seguinte ditado: "Raining cats and dogs". Em inglês é uma forma de dizer que está a chover muito, e se fosse traduzido literalmente como "Llueven perros y gatos" não seria uma adaptação cultural, seria uma tradução literal que dificultaria um pouco a compreensão da ideia por parte do recetor, uma vez que em espanhol já existem expressões para expressar a mesma coisa "está lloviendo a cántaros" (está a chover gatos e cães).
Para além das palavras
Tendo em conta o que precede, pode observar-se que uma transferência literal ou palavra por palavra dificultaria a comunicação entre os participantes, uma vez que obrigaria o recetor, no âmbito do ato comunicativo, a adaptar-se a uma cultura que não é a sua, o que, evidentemente, não é o que se pretende, porque cada comunidade tem a sua própria cultura. É precisamente esta a função do intérprete: ser um mediador cultural, ou seja, efetuar as adaptações culturais necessárias para permitir uma comunicação adequada.
Como se pode ver, nunca se traduzem palavras isoladas, tenta-se transmitir ideias completas. Além disso, cada tradução depende do contexto sociocultural de cada língua e de cada comunidade, uma vez que são todas muito diferentes. Assim, o intérprete deve estar preparado linguisticamente, mas também culturalmente, para poder estabelecer uma ligação correcta com os participantes que requerem os seus serviços.
Glossário
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Interpretação: O processo de traduzir oralmente um discurso de uma língua para outra.
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Facilitadores culturais: Intérpretes que compreendem e adaptam os aspectos culturais no seu trabalho.
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Equivalentes culturais: Adaptações que vão para além da tradução literal.
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Ditados: Expressões idiomáticas que reflectem a cultura de uma comunidade.
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Comunicação eficaz: Transmissão bem sucedida de ideias entre participantes de culturas diferentes.